27.12.08

Somos o sal da terra?

Matheus 5:13 Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens.

Após o sermão das bem aventuranças Cristo diz que somos o sal da terra e, chama-nos sal da terra, porque quer que façamos na terra o que faz o sal.
Os orientais têm por costume ratificar as suas promessas por meio de presentes de sal. O sal é o emblema da preservação, e por isso o é também da constância e da fidelidade - é uma sagrada garantia de hospitalidade, que nunca aquela gente se atrevia a quebrar, preferindo dar guarida a criminosos a ter de entregá-los à justiça, logo que eles tenham comido do seu sal. Toda a oferta de manjares devia ser salgada com sal (Lv 2.13), foi estabelecida a ‘aliança perpétua de sal’ entre Deus e o Seu povo (Nm 18.19 ).
Em Mt 5.13 existe uma referência direta as qualidades de dar sabor e de preservar as coisas, portanto Cristo quer que preservemos as coisas, que preservemos a terra para que esta não apodreça, não se corrompa.
Mas porque a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm “ofício de sal”, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção?
Será porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar?
Será porque o sal não salga, e os pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se não deixa salgar e os ouvintes, não querem receber a verdadeira doutrina?
Ou é porque o sal não salga, e os pregadores dizem uma cousa e fazem outra; ou
porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que fazer o que dizem.
O sal não salga, e os pregadores se pregam a si e não a Cristo; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes, em vez de servir a Cristo, servem a seus apetites.
Supondo, que ou o sal não salgue ou a terra se não deixe salgar; que se há-de fazer a este sal e que se há-de fazer a esta terra?
O que se há-de fazer ao sal que não salga, Cristo o disse logo: ... ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens.
Se o sal perde a substância e a virtude, ou seja se ao pregador faltar à doutrina e o exemplo, o que se lhe há de fazer?
É lançá-lo fora como inútil para que seja pisado de todos.

3.12.08

Meus erros

GN 3

9 E chamou o SENHOR Deus a Adão, e disse-lhe: Onde estás?
10 E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me.
11E Deus disse: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da árvore de que te ordenei que não comesses?
12Então disse Adão: A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi.
13E disse o SENHOR Deus à mulher: Por que fizeste isto? E disse a mulher: A serpente me enganou, e eu comi.

Ao perguntar a Adão se havia O desobedecido Deus já sabia da resposta, Deus é onipresente, onisciente, onividente...
Porém, ainda assim Deus perguntou a Adão, que fugiu de sua responsabilidade - como se a "culpa" fosse de Deus se fosse hoje Adão diria
"Olha essa mulher que você me arrumou que me deu a fruta", como se este houvesse sido enganado.
Eva seguiu pelo mesmo caminho - olha a culpa é da serpente que me enganou.
As "justificativas" de Adão e Eva não fiseram com que Deus poupasse-os do "castigo" foram expulsos do paraíso e tornaram-se mortais, além de se afastarem de Deus pela desobediência.
Não houve por parte de adão e Eva arrependimento ou perrdão, eles não imaginaram em desculper-se ou mesmo assumir suas respectivas culpas,
preocuparam-se em tentar explicar porque haviam errado.

Ainda hoje fazemos a mesma coisa, quando ocorre um acidente de transito a culpa sempre é do outro; Quando o homem ou a mulher traem é porque
a "carne é fraca"; quando mentimos é para "poupar o sofrimento do outro"; quando agredimos nossos filhos é porque foram "mal criados";
quando agredimos nossas esposas é porque perdemos a calma (isso quando não disemos "ela fez por merecer")...

Temos uma confusa e estranha habilidade de justificar ou "explicar" nossos erros em uma tentativa de amenizar os resultados.

Nós pecamos e erramos porque somos fracos, somos pecadores, e disso Deus já sabe.

Porém quando simplesmente assumimos nosso erro Deus mostra a sua misericordia em sua maior plenitude.

Talvez se Adão simplesmente respondesse a Deus: "Pai pequei contra ti perdoa-me" nossa história hoje seria outra.

Vejamos o exemplo do filho Prodigo:


Lc 15 - 11:31

"Disse Jesus: Um homem tinha dois filhos. O mais moço disse a seu pai: Meu pai, dá-me a parte do patrimônio que me toca. O pai então repartiu entre eles os haveres. Poucos dias depois ajuntando tudo o que lhe pertencia, partiu o filho mais moço para um país muito distante, e lá dissipou sua herança vivendo dissolutamente. Depois de ter esbanjado tudo, sobreveio àquela região uma grande fome: e ele começou a passar penúria. Foi pôr-se a serviço de um dos senhores daquela região, que o mandou para os seus campos guardar porcos. Desejava ele fartar-se das vagens que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. Entrando então em si e refletiu: <>. Levantou-se, pois, e foi ter com seu pai. Estava ainda longe, quando seu pai o viu, e, movido pela misericórdia, correu-lhe ao encontro, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou. O filho lhe disse então: <>. Mas o pai disse aos servos: <>. E começaram a festa...

O filho pródigo não pensou em ir ao pai e justificar seu erro, ou diser-lhe: Pai eu sou moço, fui influenciado por meus amigos, ou coisa parecida, ele decidiu-se a assumir que havia pecado contra o pai e contra os céus.


O filho sequer chegou a pedir perdão para o pai ele ainda estava longe quando o pai o viu e foi movido pela misericórdia

Como em toda a parabola a parabola do filho prodigo é um simbologismo utilizado por Cristo para nos ensinar em poucas palavras milhares de coisas, neste caso o filho prodigo representa nós mesmos, nossos pecados, nosso afastamento do Pai.
O Pai representa o proprio Deus - o pai foi ao encontro do filho antes que o filho lhe dissesse qualquer coisa porque já sabia do arrependimento, já sabia
que o filho havia simplesmente assumido seu erro - afinal Deus é onipotente, onisciente e onividente.

É hora de aprendermos a simplesmente assumir, a diser Pai perdoa-me porque pequei contra ti, de forma sincera e verdadeira, sem querer minimizar ou
justificar para experimentar-mos a graça e a misericordia de Deus de uma forma sobrenatural.

Por vezes, pensamos em orar, e, no próprio ato de pensar o que iremos dizer a Deus na oração, considera que é filho e que, como tal, tem direito a reivindicar a misericórdia do Pai. E diz de si para si: "Direi a meu Deus isto e aquilo; e dizendo isto, chorando, talvez eu seja atendido pelo meu Deus".

Esta é provavelmente a mais sincera e verdadeira oração, Deus já o está atendendo quando pensamos estas coisas; e mesmo antes, quando as cogitamos, pois mesmo o pensamento não está oculto ao olhar de Deus. Quando decidimos orar, Deus antes de começarmos a oração já sabe.

(OBS.: Não imagine que menospreso ou quero diser aqui que não oremos, pelo contrário, a oração mais sincera é aquela em que não medimos palavras, quando ainda estamos pensando no que diser.)

"Eu disse: confessarei minha iniqüidade ao Senhor" (Sl 32,5). É ainda algo interior, um mero projeto de confisão, contudo, acrescenta imediatamente: "E tu já perdoaste a impiedade de meu coração" (Sl 32,5).

Quão próxima está a misericórdia de Deus quando assumimos nossos erros e os confessamos!

Não, Deus não está longe de quem tem um coração contrito, como está escrito: "Deus está próximo dos que trituram seu coração" (Sl 34,19).



"DEUS MEU CORAÇÃO ESTA CONTRITO, ESTOU ABSORTO E PERDIDO, SEM SABER O CAMINHO A SEGUIR, AS TRIBULAÇÕES AUMENTAM A CADA SUSPIRO - PERDOA-ME PORQUE PEQUEI CONTRA TI, TENDE MISERICÓRDIA DA MINHA VIDA."

31.7.08

Encontrando Deus

No artigo anterior escrevi sobre como nos sentimos decepcionados e abandonados por Deus em nossas tribulações ou sofrimentos, Onde Deus está?
Quando nos encontramos nestas crises e encruzilhadas cada um de nós segue caminhos diferentes, alguns de nós nos afastarmos de nossas reflexões, pararmos de pensar e refletir dos “porquês” das coisas acontecerem; em outros momentos imaginamos que tudo não passa de mero acaso do destino, que Deus é algo distante, que fica lá em cima em seu trono rindo da desgraça alheia; a maioria de nós normalmente se afasta da igreja e de tudo o que nos possa fazer sentirmo-nos culpados pelo nosso fracasso, pela nossa “falta de fé” e nos sentimos cansados de procurar algo que nunca conseguimos achar.
Outros buscam a Deus incessantemente, talvez por teimosia, talvez por crer for necessário crer, talvez para simplesmente provar que é impossível.
Mas ainda assim alguns de nós procuramos Encontrá-Lo e saber por que nos abandona nos momentos de angustia.
Procuramos Deus no céu, na Bíblia, em livros de auto-ajuda. Procuramos o Pai entre seus outros filhos – nossos irmãos; Na Igreja, alguns fazem longas viagens verdadeiras jornadas a terra Santa (esquecendo-se que toa a Terra é santa), procuramos nos montes e nos grãos de areia...
Nada, ele não está lá...
Como pode um ser onipresente estar tão ausente?
Na verdade Deus está em todos os lugares, na areia da praia, na arvore que nos fornece sombra em dias de calor, nos rios que refrescam nossa terra, nos pássaros engaiolados e nos que voam livres ao sabor do vento, esta até mesmo no próprio vento.
Deus está mais presente onde menos procuramos, dentro de nós mesmos.
Deus criou todas as coisas através da palavra Gênesis 1, quanto ao homem a duas diferenças interessantes: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. Gênesis 1: 26, em Gênesis 2:7 “E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.”
Quando Deus diz “façamos” essa pluralidade indica o Pai o Filho e o Espírito Santo, portanto creio que somos imagem e semelhança da trindade. Deus nos criou para dominarmos sobre todas as coisas que Ele criou. E o que creio ser mais extraordinário e revelador nestas passagens: Deus não disse faça-se o homem do pó da terra, Ele próprio formou o homem do pó da terra. Imagino como Deus fez isso, se não foi através de uma ordem de uma palavra como foi?
Imagino que Ele próprio tomou o pó em suas mãos e nos modelou, fomos tocados por Deus, assim como um artesão molda o barro para fazer uma estátua Deus nos moldou como sua obra de arte, porém ao contrário das estatuas estáticas e imóveis, Deus soprou em nossas narinas a vida, Deus soprou dentro de nós a Si mesmo, Deus colocou em nós o espírito para que pudéssemos ter vida. (não quero aqui entrar no debate teológico entre dicotomia e tricotomia por não ser o centro deste artigo, mas prefiro registrar que acredito na tricotomia). Aos outros seres viventes da terra Deus deu vida apenas através da palavra Gênesis 1 21:24, apenas o homem teve o privilégio de ser criado com especial atenção divina – quando escrevo homem me refiro a toda a humanidade e não a um gênero específico), Deus soprou vida apenas na narina da humanidade.
Portanto, mais que qualquer outro ser vivente, mais que qualquer outra criação de Deus, Deus está em cada um de nós e em todos nós, Ele realmente é onipresente esta em todos os lugares e em todos os homens através do sopro de vida em nossas narinas.
Mas se ele está tão próximo porque não nos ouve? Porque não no atende? Porque nos sentimos tão sós nos momentos de angustia? Porque não o ouvimos?
Bem no artigo anterior questionei-me onde estaria Deus, neste eu o encontrei, agora falta sabermos como criar um canal de comunicação com Ele, mas isso fica para o próximo artigo...

Uma frase, fora do contesto do texto para vossa reflexão:

“A falta de pão na mesa do pobre é a denuncia de falta de espiritualidade nos altares cristãos.”

29.7.08

ONDE DEUS ESTA?

Diariamente nos deparamos com sermões e pregações em nossas igrejas, no rádio, na TV, na internet, em jornais “gospel” prometendo vitória e sucesso, aprendemos a esperar que Deus atue impressionantemente em nossas vidas, afinal somos mais que vencedores, somos “a geração eleita”.
Jesus prometeu que a fé do tamanho de uma semente de mostarda é capaz de transportar montanhas, que qualquer coisa pode acontecer se dois ou três se reunirem pa¬ra orar. A vida cristã é uma vida de vitória e triunfo. Deus quer que sejamos felizes e prósperos e que tenhamos saúde; porém quando nos deparamos com as intemperies da vida nos semtimos com falta de fé.
Lí recentemente em um livro a história de um homossexual que conta sua história gradualmente, numa sucessão de cartas. Por mais de uma década ele havia buscado uma "cura" para suas tendências sexuais, experimen¬tando cultos carismáticos de cura, grupos cristãos de apoio e tratamento químico. Ele até mesmo se submeteu a uma for¬ma de terapia aversiva, em que psicólogos aplicavam choques elétricos em seus órgãos genitais, caso ele reagisse a fotografias eróticas de homens. Nada funcionou. Finalmente ele se entregou a uma vida de promiscuidade com outros homens. Mas insiste em que deseja seguir a Deus, mas sente-se sem condições devido à sua maldição pessoal.
Imagino como este homem se sente, ou mesmo como se sente um pai que clama pela vida do filho, jejua, ora noites a fio e ainda assim o vê falecer em um leito de hospital. Pessoas que clamam incessantemente por emprego e continuam desempregados, que pedem experiências sobrenaturais, porém não as experimentam.
Quando não sentimos ou vivenciamos as intervenções divinas como descritas acima, sentimo-nos desapontados, traídos e freqüentemente culpados. Imaginamos que Deus está nos castigando por algo ou mesmo que não temos fé, ou ainda o complexo de Jó, Deus está tirando para provar a minha fé...
Depois passamos a acreditar que Deus não se importa com nossa vida. Quando oramos, não sabemos se alguém está de fato ouvindo.
Será que uma palavra, qualquer palavra, pode chegar a curar uma ferida? E devo confessar que, após ler es¬ses relatos angustiados, faço exatamente as mesmas perguntas. Onde Deus está diante destas dores emocionais? Por que com tanta freqüência ele nos desaponta?
Será que Deus se importava com as nossas frustrações ou com as nossas energias desperdiçadas ou com o dinheiro que perdemos?
Começamos a imaginar se Deus de fato se importa com os detalhes das nossas vidas, ou se ele se importa conosco. Somos tentados a orar com menos freqüência, e chegamos antecipadamente à conclusão de que não vai adiantar.
Nossas emoções e nossa fé oscilam. Quan¬do essas dúvidas se instalam, chegamos a imaginar se Deus realmente existe, e se existe onde Ele está?
Todos, ou a maioria de nós um dia se senti assim, até mesmo o salmista se sentiu abandonado:

“Desperta! Por que dormes, Senhor?
Desperta, não nos rejeites para sempre.
Por que escondes a tua face?”
— Salmo 44:23-24

“Como o cervo brama pelas correntes da água, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus! A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus?”
no salmo 42 1:2
Mas como sair desse tipo de crise? Como encontrar verdadeiramente Deus? Principalmente nestes momentos de angustia que nos sentimos abandonados por Deus, duvidamos de sua existência ou nos achamos indignos Dele?

Santo Agostinho escreve:
“E como invocarei meu Deus, meu Deus e meu Senhor, se ao invocá-lo o faria certamente dentro de mim? E que lugar há em mim para receber o meu Deus, por onde Deus desça a mim, o Deus que fez o céu e a terra? Senhor, haverá em mim algum espaço que te possa conter?” in Confissões de Santo Agostinho – Agostinho de Hipona.

Onde Deus está?
Existem “chavões” e respostas prontas que ouvimos dos mesmos púlpitos, TVs e rádios que pregam apenas a prosperidade, “É no silêncio que Deus trabalha”; “Talvez Deus esteja te provando”; “Você deve ter cometido algum pecado” etc, etc...

Mas estas respostas não nos convencem, continuamos a nos perguntar “ONDE ESTAS DEUS, PORQUE DORMES? NÃO NOS REJEITE PARA SEMPRE...

Quantas vezes nos nossos corações dritamos?

“Eli, Eli, lamá sabactâni;” Mt 27.46

19.5.08

Meus heróis morreram de overdose...

Temos uma estranha necessidade de construirmos heróis em nossas vidas, desde pequenos brincamos de “super-homem”, “batman”, “homem aranha” e tantos outros. O meu preferido era o speedy racer, que agora virou filme e poderei relembrar meus tempos de menino, bons tempos...
Crescemos e continuamos a procurar heróis, super-homens em quem nos espiramos para sermos melhores. Muitas vezes escolhemos um político, um padre, um pastor, um artista, tem gente que até escolhe um “big-brother” qualquer e nestes homens colocamos toda a nossa confiança, tentamos copia-los e colocamo-los em um pedestal, transformam-se em nossos “heróis modernos”.
Mas nos esquecemos que heróis falham, morrem ou descobrimos que são apenas obra da nossa própria imaginação...
O super-homem fica fraco frente a criptonita assim como alguns políticos frente ao poder...
E assim como Aquiles mata Heitor, nossos heróis são mortos pelos mais diversos motivos, por erros que cometem, falhas que não corrigem. Como cantou o poeta Cazuza “meus heróis morreram de overdose”...
E quando os heróis morrem, nos sentimos desamparados, perdidos, caídos...
Mas devemos aprender que heróis não existem, existem homens comuns como eu e você, de carne e osso, que até podem fazer diferença, mas erram, e têm esse direito sagrado de errar. Assim como nós erramos ao eleger nossos heróis, haja visto que sou cristão e meu referencial deve ser Cristo e não qualquer outro homem, erramos também quando queremos ser super heróis, abdicamos ao direito de errar, e quando abrimos mão deste direito perdemos a oportunidade de corrigirmos nossos erros, sejamos então todos humanos, todos falhos, todos pecadores, pois só assim podemos aprender a errar menos, e nos aproximar daquele que devemos ter como exemplo e referencial: Cristo.
Me vem a mente uma canção, ou o trecho de um louvor, como preferir...

Acredite,
Que nenhum de nós,
Já nasceu com jeito pra super-herói
Nossos sonhos a gente é quem constrói
É vencendo os limites
Escalando as fortalezas
Conquistando o impossível pela fé

20.4.08

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Recentemente tenho relido alguns resumos, textos, livros e reflexões sobre as reformas protestantes. Iniciadas no final do século XIV início do século XV, me chamaram especial atenção escritos de João Wycliff que atacou as irregularidades do clero, as superstições (relíquias, peregrinações, veneração dos santos), bem como o purgatório, as indulgências, o celibato clerical e as pretensões papais e defendia a Bíblia como norma de fé que todos devem ler e interpretar.

Outro teólogo que me chamou atenção foi João Hus (1372-1415), um sacerdote e professor da Universidade de Praga, na Boêmia, que foi influenciado pelos escritos de Wycliff.

Ele definia a igreja por uma vida semelhante à de Cristo, e não pelos sacramentos. Dizia que todos os eleitos são membros da igreja e que a cabeça da Igreja é Cristo, não o papa. Insistia na autoridade suprema das Escrituras. Hus foi condenado à fogueira pelo Concílio de Constança. Seus seguidores ficaram conhecidos como Irmãos Boêmios (1457) e foram muito perseguidos.

Os irmãos Boêmios foram os precursores dos Irmãos Morávios, outro grupo protestante cujas raízes são anteriores à Reforma do século 16.

Me chamou atenção ainda um outro indivíduo incluído entre os pré-reformadores: Jerônimo Savonarola (1452-1498), um frade dominicano de Florença, na Itália, que pregou contra a imoralidade na sociedade e na Igreja, inclusive no papado. Governou a cidade por algum tempo, mas finalmente foi excomungado e enforcado como herege.

Há ainda o grupo dos humanistas bíblicos, entre os principais deles podemos citar o italiano Lorenzo Valla (†1457), estudioso do Novo Testamento; o inglês John Colet (†1519), estudioso das epístolas paulinas; o alemão Johannes Reuchlin (†1522), notável hebraísta; o francês Lefèvre D’Étaples (†1536), tradutor do Novo Testamento; e o holandês Erasmo de Roterdã (1466-1536), , que publicou uma edição crítica do Novo Testamento grego com uma tradução latina, talvez a obra mais importante publicada no século 16, que serviu de base para as traduções de Lutero, Tyndale e Lefèvre e muito influenciou os reformadores protestantes. Esse retorno às Escrituras muito contribuiu para a Reforma do Século 16.

Já no século XVI eclode a reforma protestantes, poderia citar aqui João Calvino, Ulrico Zuínglio, os anabatistas, a reforma na Alemanha e em Genebra, citar ainda o teólogo que em minha opinião foi o mais importante dos teólogos da reforma, talvez porque alcançou maior notoriedade Martinho Lutero.

Bem, não vou me estender sobre os teólogos e a história da reforma, primeiro porque minha intenção é só nos trazer a lembrança os pensamentos e motivos que causaram a reforma protestante, e em segundo porque se optar em me estender mais acabaria escrevendo um livro sobre o tema, o que aliás existem muitos e de boa qualidade.

Primeiro vale lembrar que a história da Reforma nem sempre é agradável e inspiradora, esse período foi marcado por muita violência em nome da fé.

Por ser a religião muito importante para as pessoas, as paixões que desperta podem se tornar terrivelmente destrutivas. Os erros cometidos nessa área por diferentes grupos nos séculos 16 e 17 nos servem de advertência e de estímulo para a prática da caridade cristã e da tolerância, conforme o exemplo de Cristo. Podemos, sem abrir mão de nossas convicções, respeitar os que pensam diferente de nós.

Ao mesmo tempo, me impressiono com o heroísmo de tantos irmãos da época da Reforma, que por causa de sua fé enfrentaram muitas provações e até mesmo mortes cruéis.

No Brasil o evangelho não exige esse tipo de sacrifício da maioria dos cristãos, mas isso não significa que estamos livres de grandes desafios. São outras as maneiras pelas quais a nossa fé é testada no tempo presente. Viver de acordo com os princípios e os valores do Reino de Deus continua sendo uma prova difícil, mas necessária, para todos os cristãos.

Acredito que os reformadores não estavam buscando inovar, mas restaurar antigas verdades bíblicas que haviam sido esquecidas ou obscurecidas pelo tempo e pelas tradições humanas. Sua maior contribuição foi chamar a atenção das pessoas para a importância das Escrituras e seus grandes ensinos, especialmente no que diz respeito à salvação e à vida cristã.

Os reformadores nos mostraram que o critério da verdade não são os ensinos humanos, nem a experiência espiritual subjetiva, mas o Espírito Santo falando na Palavra e pela Palavra.

Assistindo a parte da programação televisiva gospel, ou mesmo a algumas ações evangélicas, tenho me perguntando se não há necessidade de uma nova reforma, ou melhor voltar a estabelecer antigas verdades Bíblicas esqueceidas.

Algumas das bases da reforma, SOLASCRIPTURA a centralidade da Bíblia; a Palavra de Deus; Graça; Fé; Sacerdócio Real; etc... Parece-me vêm sendo esquecidas.

Muitas igrejas evangélicas se quer possuem escola bíblica, outras tampouco sequer se preocupam em ensinar a Bíblia. A maioria dos cristãos hoje só tem contato com as escrituras na hora do culto e a interpretação se resume ao sermão proferido pelo pregador.

Onde se localiza no contexto das liturgias e ações nossas hoje a interpretação pessoal da Bíblia? A liberdade para podermos ler e estudar a palavra de Deus é algo que foi conquistado a duras penas por nossos irmãos do passado e que hoje não damos atenção.

As vezes parece-me que Marx estava certo a história se repete em círculos espirais no tempo.

Gostaria de propor a você amado leitor algumas reflexões: aliás peço que postem as “respostas” pois não as tenho...

É apenas impressão minha ou voltamos a pregar que a salvação não é para todos e a cobrar indulgências?

Temos exercido e exercitado o princípio do “livre exame” das Escrituras?

Quando há uma tensão ou uma divergência entre o ensino bíblico e a tradição eclesiástica, qual dos dois seguimos?

Nosso “pregadores” estão exercendo parcialidade na interpretação das Escrituras?

Nossas tradições estão obscurecendo a importância da Bíblia?

Talvez seja necessário uma nova reforma, uma nova revolução protestante, ou melhor é necessário fazermos um movimento de volta ás origens, da Igreja em que Cristo é o cabeça, da caridade e comunhão entre os irmãos, da Graça da Fé.

Wend - Na Jornada também

10.2.08

Missões? Pra que?

Em meio a uma conferencia sobre missões me veio uma incomoda reflexão: Qual a importância das missões? Porque afinal de contas isso é importante?

Bom, antes de entrar propriamente no tema quero aqui transcrever um depoimento, ou melhor um testemunho:

Quando tinha sete anos minha mãe após uma serie de brigas com meu pai resolveu que ela ao ia mais apanhar e resolveu esfaqueá-lo, ele morreu no hospital, para policia dissemos que foi uma briga na rua e ninguém sabia quem tinha esfaqueado meu pai, não liguei muito para sua morte, afinal ele também me bata muito e pelo menos agora morto ele não ia mais me dar porrada.
Fomos morar em uma favela e eu e meu irmão começamos a “guardar carros” na feira e em estacionamentos de supermercados de Diadema.
Os seguranças não gostavam muito, viviam correndo atrás da gente, mas como a necessidade de grana era grande a cada dia inventávamos uma coisa nova: bala no farol; malabares; só pedir mesmo, as vezes dava grana as vezes não, mas eu também queria ter dinheiro para comprar meus tênis minhas roupas minhas coisas, afinal só somos alguém nesse mundo se temos boas roupas bons tênis, boas coisas que só a grana compra.
Mas cada dia ganhávamos menos e precisávamos de mais, minha mãe arrumou um namorado, esse pelo menos não batia na gente, mas certo dia cheguei em casa e ele tava na ama com o vizinho, minha mãe só não esfaqueou esse porquê ele sumiu de vergonha e nós tivemos que mudar de favela de tanta gozação que agüentávamos porque meu padrasto era “boiola”...
Na “casa” nova era um horror, o esgoto dos outros barracos passava no meio do nosso, não tinha água encanada, tinha os canos mas a água não subia.
Eu tinha um monte de sonhos, de comprar uma casa pra minha mãe, de ter uma carrão estas coisas...Mas era difícil arrumar grana...
Minha mãe arrumou outros namorados, toda noite tinha um ou dois diferentes... para evitar zoação dos moleques da rua comecei a dormir no viaduto e passar a noite com outros moleques que como eu sofriam dos mesmos problemas. Comecei a cheirar cola, fumar maconha, e fazer pequenos furtos. Passei um tempo na febem, sai voltei para rua, mas dessa vez com mais bagagem, afinal já tinha puxado cana e ai os moleques da rua respeitavam mais.
Minha mãe contraiu AIDS, mas fiquei sabendo por “fofocas” daqui e dali a uns três meses já não via mais ela, ficava direto na rua.

E sabe porque você esta lendo esta história?
Sabe porque você esta lendo este testemunho?

Porque o “cheiras” (personagem principal do testemunho que você leu) foi executado pela Polícia Militar de SP, digo por pessoas desconhecidas, afinal sua execução até hoje não foi investigada.
Morreu com braços e pernas amarradas e com um tiro na nuca.
Morreu sem conhecer Jesus, sem ouvir a palavra dEle, aos dezessete anos.
Para o governo ele é simplesmente um numero no meio a milhões;
Para você apenas uma história;
Para Deus...
Para Deus ele é o meu e o seu fracasso. Enquanto dividimos igrejas; Fofocamos e brigamos entre nós milhares de meninos e meninas como o cheiras morrem sem ouvir a palavra de Deus.
Constantemente me pergunto como será o nosso julgamento. Imaginem se Deus nos julgar pelas almas que deixamos de ganhar? Eu e você seriamos condenados porque o cheiras e outros milhares (2% dos jovens do RJ são soltados do trafico – existem mais soldados do trafico que universitários) morrem sem conhecer Jesus.

Quanto a minha reflexão: Qual a importância das missões? Acho que não preciso mais responder: para NOSSA salvação