19.11.09

Gosto tanto de você

                        Infelizmente precisamos perder as pessoas pra descobrir o valor que elas têm. Muitas vezes as pessoas precisam morrer para sabermos a importância que elas tinham.
                        Quem de nós já não perdeu um ente querido, um amigo e ficou pensando depois que gostaria de dizer mais uma vez: eu te amo...
                        Imagino que às vezes o ensinamento mais doído seja esse, quando na vida nós já não temos mais a oportunidade de fazer alguma coisa, talvez esteja ai o inferno: na impossibilidade de mudar alguma situação.
                        Quando as pessoas morrem já não há mais o que dizer, porque mortos não podem perdoar; mortos não podem sorrir; mortos não podem amar; nem tão pouco ouvir de nós que nos os amamos.
                        Quantas vezes gostaríamos de poder voltar no tempo e passar de forma diferente os últimos momentos que passamos com alguém.
                        Se soubéssemos que seria a ultima vez, a ultima oportunidade, não teríamos pressa pra mais nada, falaríamos de coisas importantes: do amor...
                        Quando o outro vai embora é que descobrimos o espaço que ela ocupava...
                        Me vem na mente uma musica eternizada pela voz de TIM Maia:

Não sei por que você se foi
Quantas saudades eu senti
E de tristezas vou viver
E aquele adeus não pude dar
Você marcou na minha vida
Viveu morreu na minha história
Chego a ter medo do futuro
E da solidão que em minha porta bate
E eu gostava tanto de você...
Gostava tanto de você...
Eu corro, fujo desta sombra
Em sonho vejo este passado
E na parede do meu quarto
Ainda está o seu retrato
Não quero ver para não lembrar
Pensei até em me mudar
Lugar qualquer que não exista
O pensamento em você
E eu gostava tanto de você...
Gostava tanto de você...

                        O autor de 'Gostava tanto de você', Édson Trindade, ele não escreveu esta música por causa de uma namorada que o tinha abandonado, mas sim, para a filha dele que havia falecido em um acidente.
                        Esta  canção traduz o sentimento que temos quando perdemos alguém, ela é triste porque conjugamos  o verbo no passado, a pessoa já morreu, já não a mais o que fazer, mas não tem nenhum sofrimento nessa vida que passe por nos sem deixar um ensinamento...tem que nos ensinar, não dá pra sofrer em vão, alguma coisa temos que extrair...extrair o sofrimento e descobrir o ensinamento.

                        Uma grande beleza da última ceia de Jesus é que Ele sabia o que ia acontecer, sabia que era a ultima vez que se sentaria a mesa. Ele não teve pressa, falou de amor; do consolador; de quando estaríamos novamente com Ele.  Não houve pressa, o momento foi feito para celebrar, o segredo da última ceia está ali, Jesus reúne aqueles que para ele tinham um valor especial, inclusive o traidor estava lá.
                        Ao contrário de Jesus sabemos apenas que morreremos e não quando, portanto não temos o direito de esperar amanhã pra dizer te amo; pra perdoar; para abraçar; para dizer quem é importante quem é especial.
                        Devemos viver como se fosse o último dia de nossas histórias, se hoje você tivesse que realizar a sua última ceia, porque é conhecedor que hoje é o último de sua vida, certamente você não teria tempo pra pressa. Você celebraria até o fim e gostaria de ficar no lado de quem você ama.
                        Viver o cristianismo, é fazer a última ceia todos os dias, viver como se fosse o ultimo dia, a ultima oportunidade.
                        Resta-nos a possibilidade de aprendermos com o sofrimento e mudar o tempo do verbo da canção,  trazê-lo para o presente e de cantá-lo olhando para as pessoas que são especiais, ao invés de dizermos que: “gostava tanto de você”, você diz: “Gosto tanto de você”.
                        Vamos mudar o verbo! Vamos amar a vida! Vamos amar as pessoas antes que elas vão embora!